segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Cruzamento

Com pele queimada de sol e usando um espanador, que outrora servira de vestimenta, o rapaz de olhos cor de mel, limpa o vidro.

Recebe como cumprimento a gozação do motorista, e mostrando-se gentil devolve um sorriso ainda completo.

Tem uma aparência de pessoa saudável, mas, aquele cruzamento – a “zona do medo” – determina quem é aquele rapaz:

usuário de crack tenta conseguir um trocado para a próxima pedra, depois de conseguir o suficiente para necessidade imediata, atravessa a rua e entra na favela… por fim alivia a dor.

Sem sair do lugar, ele consegue voltar a casa, rever amigos… quem sabe reconhecer a mãe no café-da-manhã.

O efeito passa…

E o ciclo recomeça…

De volta ao cruzamento…

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei, delícia! Faça da palavra um afago pro cotidiano.

Beijos